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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

1982 Qualquer coisa de novo

Tiragens em LP, Cassete e CD


































Edição digital





Qualquer Coisa de Novo é um disco do Sacerdote, Poeta e Cantor Brasileiro Padre Zezinho SCJ. Neste disco estão presentes algumas das composições que marcaram sua carreira. Além de ser o primeiro que tem mais de uma participação especial.
Os sucessos deste álbum são:
"O Rabi"
"À Senhora de Aparecida"
"Eu Tenho Alguém por Mim"
"Dizei a João"
"Mãe do Céu Morena"

Curiosidades
Foi relançado em CD em 2004, tendo trocas de fonogramas. As faixas "Menores Abandonados", "Eu Tenho Alguém Por Mim" e "Mãe do Céu Morena" foram trocadas por suas respectivas regravações do disco Os Melhores Momentos de 1990. Tal fato se manteve na edição digita disponibilizada nas plataformas digitais de música.

Ficha técnica
LP 1982
Produção: Irmã Amália Ursi, fsp
Letra e Música: Pe. Zezinho SCJ
Inteerpretação: Pe. Zezinho SCJ / Pe. J. Manuel SCJ e Pe. Garcia Vianna SCJ (Faixas 4 e 8) / Marion (Faixas 3, 4, 7, 8 e 10) / Coral Edipaul
Arranjos: Wilson Mauro (Faixas 1, 2, 3, 5, 7, 8 e 9) / Oswaldinho do Acordeon e Carlos Catuipe (Faixas 4, 6 e 10)
Técnico de Gravação e Miagem: J. Martins
Capa: Marca Propaganda
Direção Geral: Irmã O. Sassi
Gravado nos Estúdios: COMEP

CD 2004
Produção Fonográfica: Paulinas-COMEP
Coordenação de Produção (Direção Geral): Irmã M. T. Konzen, fsp
Produção: Irmã Amália Ursi, fsp
Direção Artística, Letra, Música e Interpretação:' Pe. Zezinho SCJ
Arranjos e Regência das Regravações: Hélio Santisteban (Faixas 1, 6, 7, 8 e 9)
Arranjos Originais: Wilson Mauro (Faixas 1, 2, 3, 5, 7, 8 e 9) / Oswaldinho e Carlos Catuipe (Faixas 4, 6 e 10)
Coro: Edipaul
Participação Especial: Pe. J. Manuel SCJ e Pe. Garcia Vianna SCJ (Faixas 4 e 8) / Marion (Faixa 4 e 8) / Sônia Mara (Faixa 10)
Gravação e Miagem: J. Martins
Direção de Arte: Irmã Irma Cipriani, fsp
Produção de Arte: Sandra Regina Santana
Gravado, Masterizado e Remasterizado nos estúdios: Paulinas-COMEP


Lista de Faixas
LP / Fita Cassete
Todas as canções compostas por Padre Zezinho, SCJ.
Lado A
#             Título    Duração
1.            "Sem Eira nem Beira"    5:35
2.            "História de Um Pedregulho"    3:22
3.            "Menores Abandonados"           3:19
4.            "Anistia"              3:56
5.            "O Rabi"              3:19
Duração total:
18:51
Lado B
#             Título    Duração
6.            "À Senhora de Aparecida"          5:37
7.            "Eu Tenho Alguém Por Mim"     3:16
8.            "Torre de Babel"             2:44
9.            "Dizei a João"    3:27
10.          "Mãe do Céu Morena"                 4:45
Duração total:
19:09


CD e Formato Digital
Todas as canções compostas por Padre Zezinho, SCJ.
Lado A
#             Título    Duração
1.            "Sem Eira nem Beira"    5:33
2.            "História de Um Pedregulho"    3:12
3.            "Menores Abandonados"           3:16 (Versão do álbum "Os Melhores Momentos")
4.            "Anistia"              3:50
5.            "O Rabi"              3:18
6.            "À Senhora de Aparecida"          5:34
7.            "Eu Tenho Alguém Por Mim"     3:28 (Versão do álbum "Os Melhores Momentos")
8.            "Torre de Babel"             2:41
9.            "Dizei a João"    3:23
10.          "Mãe do Céu Morena"                 4:51 (Versão do álbum "Os Melhores Momentos")
Duração total:
37:06
 

Códigos de lançamento:
LP 581
K7 582
CD 11804-4


Crítica: Outro álbum polêmico e pesado, como Um certo Galileu 2 e Oferenda (1983). Aqui mais uma vez a crítica social segue pesada, dentro do espírito da época.
A edição em cd teve uma alteração na capa: a figura deixou te ter uma sombra para inserir uma floresta no lugar. A troca de fonogramas por regravações foi um erro imperdoável, pois demostra desleixo por parte da COMEP na edição em cd dos álbuns do Padre Zezinho, pois esse tipo de troca ocorreu em outros cd’s. Pior ainda que o erro se perpetua na edição digital do mesmo.


Padre Zezinho SCJ-Qualquer coisa de novo

Sem eira nem beira
Pe. Zezinho, scj

José trabalhava na carpintaria
Cuidando zeloso da sua Maria
Maria esperava chegar sua hora
No ventre levava seu filho e Senhor
Mas eis que um decreto os arranca do teto
Que foi testemunha do mais puro amor
E assim foi que, antes de haveres nascido
Te viste banido pelo imperador

Por longas estradas que ainda não vias
Sem eira, nem beira, calado seguias
No ventre materno escondido rumavas
Pra onde mandava teu Pai lá no céu
Mas eis que em Belém não encontras morada
Maria, cansada, não pode esperar
E assim tu nasceste mirando as estrelas
No ventre da terra e distante do lar

A tua pobreza escondia um segredo
E naquele palácio um patrão teve medo
E dizem que o rei, paranóico e doente
Num gesto demente, mandou te matar
Mas eis que José pressuroso e aflito
Se asila no Egito pra te proteger
E assim foi que, ainda pequeno e calado
Te viste exilado pra sobreviver

Voltaste do exílio para a Galiléia
Que o filho do rei governava a Judéia
Na carpintaria da casa de aldeia
Não representavas perigo nenhum
José e Maria te viram crescendo
E era ali "um por todos e todos por um"
E assim foi que o fiel carpinteiro morria
E levaste Maria para Cafarnaum

A vida era dura, passavam os dias
O tempo chegara e de casa partias
Alguém perguntou-te em que lado moravas
disseste em resposta o que dizem milhões:

"Se queres saber o caminho que eu traço
Acompanha meu passo; vem ver e sentir"
As aves do céu e as raposas têm casa,
Mas eu, nem sequer, tenho onde dormir"

Eu olho os milagres de arquitetura
Colossos enormes rasgando as alturas
E penso no povo que sofre e padece
por falta de teto, de amor e de pão
E leio o decreto que tira do teto
porque não pagou seu patrão e credor
E tu que já foste pisado e esmagado
Exilado e humilhado...
Liberta teu povo, liberta senhor!


História de um pedregulho
Pe. Zezinho, scj

Era uma vez um pedregulho
Que cada vez era jogado
Pra mais longe, bem mais longe
Do lugar onde nasceu
Mas todo mundo tem orgulho
E o pedregulho também tinha
O seu direito de lutar
Por um lugar que fosse seu
Chegou-se ao rio e foi falando:
- Você vive me empurrando
E já faz tempo que eu cansei
Você tem força, mas eu sei lutar
E qualquer dia a coisa muda:
É cada qual no seu lugar...

Mas por ser forte e prepotente
O rio riu do pedregulho
E com desprezo e com orgulho
O empurrou ainda mais
E foi dizendo secamente:
- Quem é pequeno e incompetente
É bem melhor sair da frente
Que eu aqui não volto atrás
O pedregulho bem sabia que
Sozinho, não podia
Os seus direitos conquistar
Rezou bastante e resolveu profetizar
Chamou mais nove pedregulhos
Com coragem de lutar

Era uma vez um pedregulho
Que nunca mais foi empurrado
Pelo rio prepotente
Do Lugar que era seu
Pois todo mundo tem orgulho
E seus amigos também tinham
E dos dez que começaram
O milagre enfim se deu
Um pedregulho foi chegando
Um outro foi se aproximando
E em pouco tempo eram milhões
E o prepotente não tugiu e nem mugiu
Ficou no leito que era dele
Nunca mais de lá saiu...


Menores abandonados
Pe. Zezinho, scj

Dizem que este país é feliz
Porque o povo inda canta nas ruas
Dizem que nossa nação não vai mal
Porque o povo inda faz carnaval
E eu queria somente lembrar
Que milhões de crianças sem lar
Não partilham da mesma visão
Há tristeza no seu coração

Menores abandonados
Alguém os abandonou
Pequenos e mal amados
O progresso não os adotou

Pelas esquinas e praças estão
Desleixados e até maltrapilhos
Frutos espúrios da nossa nação
São rebentos porém, não são filhos
E eu queria somente lembrar
Que milhões de crianças sem lar
Compartilham do mesmo sofrer
Já não sabem a quem recorrer

Vivem à margem da nossa nação
Assaltando e ferindo quem passa
Tentam gritar do seu jeito infeliz
Que o país os deixou na desgraça
E eu queria somente lembrar
Que milhões de crianças sem lar
São os frutos do mal que floriu
Num país que jamais repartiu


Anistia
Pe. Zezinho, scj

Quero o céu aqui na terra
Mas não tenho ilusão
O mistério não se encerra
Com qualquer revolução
Quero a morte da cobiça
E a vitória sobre o mal
Quero o fim das injustiças
Quero o mundo mais igual

Pois entendo que é preciso
Caminhar sem desenganos
E chegar sem prejuízo
De qualquer direito humano

Quero o mundo libertado
Sem caminhos de opressão
Quero o rico angustiado
Com a fome dos irmãos
Quero o pobre interessado
No seu próprio bem estar
Mas sem ódio ou revoltado
E sem ganas de matar

Quero ver a minha gente
Dar valor ao verbo ser
Quero ver meu continente
Repartindo o verbo ter
Quero as ideologias
Respeitando a dissensão
Quero ver as utopias
Assentando os pés no chão


O rabi
Pe. Zezinho, scj

Há um homem lá fora
Dizendo que veio de Deus
Diz que a hora é agora
Que um novo reino já começou
Não fala de revolução
Mas quer mudar estruturas
Não anda de armas na mão
Mas faz o Povo sonhar
Talvez seja um doido varrido
Um poeta sofrido
Um profeta perdido

Mas tem qualquer coisa de novo
Caminha no meio do povo

Há um homem lá fora
Fazendo a cabeça do povo
Diz que já não demora
O momento da libertação
Não diz pra matar o opressor
Mas tira o medo da gente
E diz que o caminho do amor
Tem de passar pela cruz
Talvez seja um alienado
Um Rabi enganado
Um profeta exaltado

Mas tem qualquer coisa de novo
Caminha no meio do povo

Há um homem lá fora
E diz que se chama Jesus
Diz que a lei vigora
Como está, não se pode aceitar
Não faz pouco caso da Lei
Mas não tolera injustiça
De ver que no meio da grei
Há muitos lobos também
Talvez seja algum impostor
Um gentil falador
Ou, de fato, um libertador

Mas tem qualquer coisa de novo
Caminha no meio do povo


À Senhora de Aparecida
Pe. Zezinho, scj

Venho cantar meu canto, cheio de amor e vida
Venho louvar aquela a quem chamo "Senhora de Aparecida"
Venho louvar Maria mãe do libertador
Venho louvar a Virgem de cor morena, por seu amor
Venho louvar a Virgem de cor morena por seu amor

Quero lembrar os fatos que aconteceram naquele dia
Quando por entre as redes, aquela imagem aparecia
Vendo surgir das águas a tosca imagem de negra cor
Agradeceram todos à mãe de Cristo por tanto amor

Quero entender o culto que começou, desde aquele dia
Muitos não compreendem, dizendo ser uma idolatria
Mas neste simbolismo daquela imagem, de negra cor
Chega-se com Maria ao santuário do Salvador

Torno a lembrar os fatos que agora tocam a tanta gente:
Esta senhora humilde, de cor morena, se fez presente
Numa nação, aonde imperava a mancha da escravidão
Nossa Senhora escura nos diz que o Cristo nos quer irmãos

Hoje, que eu vejo gente voltar contente de Aparecida
Penso na minha Igreja com os pequenos comprometida
Penso nas diferenças que ainda ferem o meu país
Peço que a mãe do Cristo conduza o povo ao final feliz

Hoje eu me fiz romeiro sem ilusão e sem utopia
Fui visitar a casa que construíram pra mãe Maria
E, no meu jeito simples de entender esta devoção
Virgem Morena eu disse:
Conduz meu povo à libertação


Eu tenho alguém por mim
Pe. Zezinho, scj

Sei muito e muito bem que peso tem a cruz
Mas, sim, eu sei também
Que força tem Jesus

Conheço a humana dor, sofrer eu já sofri
Mas graças ao bom Deus eu nunca desisti

Eu nunca desisti de crer e de esperar
Fiel permaneci e sem desanimar

E vou até o fim, mantendo a mesma fé
Eu tenho alguém por mim:
Jesus de Nazaré


Torre de Babel
Pe. Zezinho, scj

Não tinhas um lugar pra reclinar tua cabeça
Migrante, nesta vida, por escolha e vocação
Teu gesto desinstala e faz que a gente não esqueça
Milhões de peregrinos que não podem ter um chão

Nem mesmo um pedacinho desta terra tão gigante
Por Deus abençoada e pelos homens repartida
E o erro da partilha fez do povo um povo errante
Que sai da sua terra pra viver aqui de aluguel
Na Torre de Babel

A terra é de todos, diz o livro sacrossanto
Não pode ser guardada pra render dinheiro vil
Se o povo está sem terra e passa fome e desencanto
Devolva a terra ao povo que ele volta a ser Brasil

Devolva os pedacinhos desta terra tão gigante
Por Deus abençoada e pelos homens repartida
Que o erro da partilha fez do povo um povo errante
Que sai da sua terra pra viver de aluguel
Na Torre de Babel

Dizei a João
Pe. Zezinho, scj

João mandou perguntar
Se és o homem por Deus escolhido
Ou se ainda é preciso esperar
Pelo libertador prometido

Dizei a João
Que a boa nova chegou aos pobres
Que os cegos vêem, que os surdos ouvem
Que os coxos andam

Que o povo já sabe caminhar
Que o povo já sabe caminhar

Dizei a João
Que a juventude está questionando
Querendo ver e julgar e agir
E que o povo pensa

Que o povo não vai se acomodar
Que o povo não vai se acomodar

Dizei a João
Que o povo inda vive de esperança
E, apesar do que sofre, não se cansa
Que o povo pergunta

Que o povo já sabe questionar
Que o povo já sabe questionar



Mãe do céu morena
Pe. Zezinho,scj

Mãe do céu morena
Senhora da América Latina
De olhar e caridade tão divina,
De cor igual a cor de tantas raças
Virgem tão serena
Senhora destes povos tão sofridos
Patrona dos pequenos e oprimidos
Derrama sobre nós as suas graças

Derrama sobre os jovens tua luz
Aos pobres vem mostrar o teu Jesus
Ao mundo inteiro traz o teu amor de mãe
Ensina quem tem tudo a partilhar
Ensina quem tem pouco a não cansar
E faz o nosso povo caminhar em paz

Derrama a esperança sobre nós
Ensina o povo a não calar a voz
Desperta o coração de quem não acordou
Ensina que a justiça é condição
De construir um mundo mais irmão
E faz o nosso povo conhecer Jesus.


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